22 de out. de 2012

MINHA DOR E DOR ALHEIA:


A condição negativa da personalidade alheia: o envolvimento do reikiano com o receptor

É importante o mestre falar com seus alunos sobre o assunto a seguir:

“O problema de se envolver com a condição negativa de outra pessoa é de grande im
portância, e virá à pauta repetida vez, em quaisquer estudos concernentes à arte de curar aos quais, você, o terapeuta eventualmente procederá. Há muita mistificação, dúvida e medo em tomo à questão, mas a verdade inalterável é realmente muito simples: você não pode se envolver com a condição negativa da personalidade alheia; a única condição a que você tem acesso é a sua.

Muitas pessoas acreditam erroneamente que, se não tomarem muito cuidado ao fazerem as pessoas com quem trabalham liberarem cargas negativas, elas acabarão absorvendo e desenvolvendo essa condição negativa em si mesmas. Muitas delas temem também ser vítimas da dor de cabeça alheia, cansaço ou até mesmo de uma doença. Sentem-se vulneráveis devido à aparente falta de imunidade do estado em que se encontram quando canalizam a energia Reiki para alguém direta ou à distância e, por isso, muitas têm aparecido com métodos de proteção para si mesmos.

A expressão condição negativa tem sido utilizada por pessoas que praticam cura, por gente que se entrega à meditação e por pesquisadores do espírito em geral para designar diferentes formas de energia negativa: rancor, medo, autopiedade, vícios comuns, crenças perniciosas, ideologias alienantes e assim sucessivamente. Condição negativa nos dá a noção de que isto não faz parte do que realmente somos, e de que estas experiências não são, de fato, negativas; elas são simplesmente várias formas da nossa resistência à experiência da Luz. Representam as nossas próprias impurezas espirituais, mentais, físicas e emocionais, à parte do estojo geral da condição humana que aqui pretendemos experimentar e transformar.

Sendo tão populares, essas crenças não apresentam nenhuma validade. Eis um exemplo de uma experiência entre as várias que dão origem a esses mitos: suponhamos que o terapeuta reikiano esteja em meio a uma sessão de cura com alguém doente. Se ele já trouxer comigo boa quantidade de dores reprimidas e mágoas ainda não resolvidas, só o fato de ele tornar-se consciente das dores e mágoas dessa pessoa despertará nele emoções semelhantes, antes adormecidas no fundo do seu ser, trazendo-as à superfície. No final da sessão, é possível que ele se sinta entristecido ou perturbado, e ache que adquiriu a mágoa ou a dor da pessoa; mas isso não passa de um engano; os sofrimentos que ele traz em si, pois os únicos a que ele tem acesso são exclusivamente do terapeuta.

Esse processo é muito semelhante ao de assistir a um filme. Se ele for triste, pode ser que nos faça sentir tristeza através de nossa identificação com os personagens. Porém, para a maioria de nós, essa tristeza se esvai até chegarmos ao estacionamento.

Contudo, o que dizer dessas poucas pessoas que acabam se sentindo tristes e melancólicas todo o resto da noite e até mesmo nos dias posteriores? Causou-Ihes o filme tanta tristeza e depressão? Parecerá claro que elas possuem como que uma condição individual, relacionado à tristeza que o filme despertou e trouxe à luz e, quanto mais bem-feito o filme, mais propícias pessoas estarão a ser apanhadas na trama das suas próprias emoções.

O que acontece quando o terapeuta presencia uma pessoa dar vazão a toda a sua tristeza, durante uma sessão de Reiki, não difere muito de assistir a um personagem vivendo suas desventuras numa tela. Quanto mais profunda e sincera a emoção sofrida pelo receptor, mais possibilidades o terapeuta tem de ver despertadas as suas. É importante lembrar que, seja qual for à experiência a que ele se entregue emocionalmente, tudo deve ser considerado apenas como a própria resposta emocional - ele não está adquirindo estas emoções de outra pessoa.

Ainda que determinada pessoa possa despertar no terapeuta certo sentimento de resistência ou algo que lhe sirva de obstáculo, dificultando a sua purificação (purificação desses mesmos sentimentos negativos), é necessário lembrar-se de que essa parte, inerente à sua própria condição negativa, ora desperta e vem à tona, sem ter-se originado noutra pessoa.

Tudo aquilo a que alguém se opõe (ou melhor, aquilo que o faz reagir) em outra pessoa sempre será o que você dissimula e tem medo de aceitar em si mesmo. A recíproca também é verdadeira: tudo aquilo que você não aceita dentro de si é o mesmo a que você se opõe em outra pessoa. A responsabilidade por seu próprio estado de espírito é inteiramente sua; a única condição negativa que constitui a sua personalidade só pode ter origem em você mesmo.

Mesmo quando as nossas emoções são provocadas por outra pessoa, o que realmente consegue obstruir a energia, durante a sessão de Reiki, são as nossas próprias reações a essas emoções. Quando sentimos ou reagimos às emoções latentes em nós mesmos, acabamos travando uma batalha contra nós próprios, bloqueando o fluxo da energia e impondo um cerco a nós mesmos.

Portanto, a chave para o terapeuta conservar-se em equilíbrio durante a aplicação de Reiki é cultivar para si mesmo, em relação à outra pessoa, uma atitude de aceitação consciente e de não reação.

Isso significa que, você, terapeuta reikiano, se uma emoção surgir em si (ou em outra pessoa), você não deve opor a ela, nem expulsá-la de si mesmo, nem se identificar com ela, nem alimentá-la; antes, aceite essa emoção e permita-lhe continuar no lugar onde está. Você deve se manter distante, deixando-a isolada. Assuma a postura do observador passivo diante de qualquer súbita emoção que possa sentir, em vez de tornar-se cativo dela ou de lutar contra ela e, inevitavelmente, acabar dominado.

Então, ela lhe passará como passam os pensamentos fugidios, e proporcionará lucidez e clareza em suas idéias. Em suma, isso equivale a aprender a conviver consigo mesmo e com os outros, ao invés de tentar resistir ou reagir a coisas que estão acontecendo.

É também possível, sem que se bloqueie o fluxo da energia, reproduzir em certa medida ou criar um reflexo do que a outra pessoa está liberando, ou captar a imagem de sua condição em nosso corpo. Isso contribui para que você sinta em seu próprio corpo o que está obstruído ou que está sendo liberado pela outra pessoa.

Reproduzir essa imagem não implica fazer despertar sua própria condição e nem adquirir a condição de outra pessoa. Apenas significa pôr-se temporariamente no lugar do outro para compreender como ele está se sentindo. Mas se você tiver sua condição despertada, pode voltar ao seu devido lugar. Algumas vezes, o agente de cura reproduz em si essa condição inconscientemente. Se o fizer, quando a aura da pessoa se, tomar clara, a sua também se tomará. Reproduzir a condição de outra pessoa é um ótimo instrumento. E não altera a linha mestra do trabalho; a condição negativa que você carrega consigo tem origem em você mesmo.

Aceitação consciente e não reação é, na verdade, o mesmo que o estado apropriado da mente. Para aceitar ou permitir a alguém ser como verdadeiramente é você também precisa permitir a si mesmo ser exatamente como é. De outro modo, toda vez que resistir a algo que começa a tomar vulto dentro de você, como uma forma de negar a si mesmo, você acabará resistindo à pessoa que, involuntariamente, desperta, de maneira semelhante, a emoção dentro de você.

Para sentir genuinamente amor incondicional por mais alguém, é preciso que você o sinta por si mesmo. Esse é um dos mais fascinantes aspectos de aprender como curar a outra pessoa; você aprende a curar a si mesmo.

Ao menos você descobre as suas limitações.

A tendência a limitar o fluxo da energia por ter resistido aos sentimentos de alguém, na verdade aos seus próprios, não se restringe a situações de cura. Ela acontece a cada minuto da nossa vida. O amigo deprimido que o "deixou na fossa" não é realmente a causa do meu "baixo astral". A causa da minha depressão é minha própria resistência a quaisquer sentimentos que em mim querem aflorar e que acabo por reprimir. O que acontece durante uma sessão de canalização de energia, como o Reiki é só uma intensificação do que acontece a cada instante da nossa vida. No caso, as conseqüências são mais visíveis, mas as mesmas exigências da vida se aplicam à sessão de cura.

Há uma estranha ironia no que diz respeito à questão: ainda que você não possa se envolver diretamente com a condição negativa de alguém, se for grande o seu receio ou se você puder acreditar com toda a sua força, ser-lhe-á possível recriar dentro de si mesmo um estado psíquico muito semelhante a real condição da outra pessoa. Você tem esse poder, pois a energia acompanha o pensamento e, dessa forma, você tende a incorporar tudo a que você mais se opõe ou que tem medo. Mas, se isso acontecer, a outra pessoa não terá sido responsável por sua condição; você a terá criado por si mesmo, mediante suas reações e temores.

Novamente: tudo o que constitui a sua personalidade é sua própria condição.

Se o seu medo de travar contato com a energia negativa de outra pessoa é ainda muito grande, é preciso utilizar a sessão de canalização de energia Reiki como um meio de enfrentar e transformar esse medo, ou, reconhecendo que isso ainda se encontra além das suas possibilidades, não praticar Reiki com outras pessoas durante esses períodos; ao invés disso, trabalhe com você mesmo”.

Swami Shankara

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